quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Roads, Portishead

The Only Exception, Paramore

Are you the only exception?


My 1st car service


Os carros são inteligentes que se fartam!
Começam a avisar com certa antecedência que precisam ir ao doutor, ora porque lhes falta óleo, ora porque precisam de umas análises gerais (leia-se revisão).
O organísmo humano devia ser assim, ter um apito a dizer: "Olha que faltam x dias para ires à revisão".
Certamente não esqueceriamos que, de vez em quando, convém fazer um checkup periódico.
O meu bólide avisou-me antes do Natal que precisava ir ao doutor.
Confesso que fiquei ansiosa, sabe-se lá o que lhe vão fazer.
E se lhe descobrem algum mal?
Nós humanos, às vezes vamos ao médico cheios de saúde e saímos de lá com um rol de doenças e uma saca de comprimidos coloridos...
É verdade que também me pus logo a fazer contas à vida. É bem cara a medicina automóvel!
Chegou o dia...
Lá acordei de madrugada, e sem depertador, a pensar que hoje ficava longe do meu fiel amigo: Cláudia's Mobile.
Fui pelo caminho a dizer o quanto gostava dele e que não tivesse medo. Ia certificar-me que o tratavam bem.
Percebi o seu receio (ou o meu). Cheguei, vi os médicos de batas azuis. Umas limpas mas outras não disfarçavam bem o sangue negro dos que lhes passaram pelas mãos.
Senti o mesmo frio no estômago que sinto com o cheiro de hospital.
Despedi-me dele. Disse-lhe: "Vais sentir-te melhor depois disso. Até vais vir lavadinho e cheiroso como eu."
Entreguei a chave à senhora.
"A que horas posso vir buscar? A que horas?" - estou certa que percebeu a minha urgência.
"Mas veem se está tudo bem, não veem?"
"E se ele estiver doente, liga-me?"
"Venho logo a correr."
A senhora deve ter percebido o quanto ele era importante para mim. Tomou-se por aqueles donos chatos e picuinhas que querem ter a certeza de tudo. Até insistem para entrar e acompanhar a revisão.
Foi então quando me disse:
"Quer ver os orgãos, as artérias e veias que vamos trocar?"
"Prefiro não ver, prefiro não ver." - disse eu.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sunset seen from the sky

domingo, 26 de dezembro de 2010

Bucket List / Say, John Mayer

do filme com titulo em portugal Nunca É Tarde Demais

Tenho a aprendido que a felicidade consiste numa colecção de pequenos momentos em que nos sentimos felizes.
Muitas vezes são momentos em que fazemos os outros se sentirem bem, momentos em que os outros nos enchem a alma.
Mas ainda que tenhamos noção desses sentimentos, não falamos sobre eles! Que vergonha! Seria dar parte fraca! Seria nos expor!
Há culturas mais abertas a isso, nós Portugueses não!
Por não ter receio que dizer à minha melhor amiga que a amo, de dizer ao meu irmão que ele é a paixão da minha vida ou de mostrar a minha estima às pessoas que me são queridas, muitas vezes sou mal interpretada!
Então se for homem, logo se apregoa que "ando".
Mas é preciso ter coragem e continuar a ser fiel a mim própria.
Ontem fiquei feliz de saber que existem outras pessoas como eu, que não têm vergonha de mostrar amizade e estima.
Se todos fossemos assim, haveria menos guerrilhas no Mundo!

Ontem encheste-me a alma.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Atonement

mais conhecido por Expiação.

Great Expectations

My Blueberry Nights / The story, Norah Jones

From the movie My Blueberry Nights

Um enólogo diferente


Por esta altura muito se come e muito se bebe.
Exageros com fartura para o terror de qualquer um!
Nutricionistas bezem-se com a mão canhota tentado exorcizar o demónio de 7 cabeças. Cabeça do óleo que dá cor a rabanadas e sonhos, cabeça do azeite onde boia o bacalhau, cabeça do álcool ora tinto ora doirado, cabeça dos chocolates nas pratas coloridas, cabeça dos frutos secos com pele de saudáveis, cabeça cristalizadas frutas dos bolos rei e a cabeça do sal disfarçado de aperitivos.
Todos nós queremos ter em casa a maior variedade possível para agradar a visitas gregas e a visitas troianas.
Queremos qualidade e singularidade, o melhor bombom suiço ou o mais prestigiado vinho.
Este ano minha mãe escolheu para a ceia de Natal uma reserva de 2007 de um afamado vinho do Douro.
Comprou 6 garrafas a um bom preço cada e veio toda contente para casa mostrar o bom negócio que tinha feito.
Meu irmão logo disse: "então e só compraste 6?!? por este preço, devias ter trazido mais!"
"tens razão! ainda que não se beba nessa noite, fica para irmos bebendo."
e saiu apressada para regressar à loja onde tinha feito a grande aquisição.
"acabou de esgotar" - disse o empregado de avental branco sujo e sorriso rasgado.
"mas ainda agora sai daqui e havia mais" - retorquiu minha mãe.
"essa genta gosta de coisa boa, senhora." - desabafou o empregado.
"mas vá outra loja, pode ser que haja."
Arrancou acelerada. E se chegasse a casa sem mais garrafas? e se..?
Duvidou de tudo, até desconfiou que a 1ª remessa não ia chegar para a ceia.
Mal entrou, vislumbrou-as ao fundo. Eram tantas, estava salva. A missão seria bem sucedida.
E eis que olhou para o topo da pirâmide onde a cartolina verde eléctrico fazia o preço parecer mais bold.
Mas... mas... o preço! O preço já não era o mesmo. Estava inflacionado. Já teria o novo iva, os novos aumentos de 2011?
Abordou o primeiro empregado que viu.
"na outra loja 'tava mais barato q'aqui!
sabes qual éo que 'tou falando? era o de 2007.."
"oh senhora, mas então isso já aos anos que foi! ainda queria que houvesse!!"

Before Sunset / Just in time, Nina Simone

Ouvi pela primeira vez no filme Before Sunset, com Ethan Hawke e Julie Delpy.

http://www.youtube.com/watch?v=RhqOHFUYtzI

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bomba armadilhada


Ontem foi dia de mais uma viagem.
Já lhes perdi a conta... teria sido interessante contabilizá-las, ver as milhas que já tenho e as horas de voo.
Embora deteste aeroportos, pois para mim representam despedidas, eles também me transportam para imensas estórias engraçadas.
Após o 11 de Setembro a diferença na segurança foi brutal! Só espero que não cheguem a Portugal os scanners. Os pneus de toda a gente serão colocados a nú, não haverá cinta ou espartilho que nos esconda.
Por agora, chegam os Rx à bagagem de mão e os pórticos de detectores de metais.
Ontem estive em dia CSS e portanto estava de sapatilhas e jeans. Não precisei de descalçar, tirar cintos, pendentes e demais acessórios. Não houve a emoção de me mandaram afastar pernas e braços para me revistar.
À minha frente um casal pelos seus 60. Ele de boina e ela com xaile. Certamente de alguma aldeia do Norte do país e em viagem para visitar filhos e netos. Não escondiam a sua felicidade e os seus rostos espelhavam a ansiedade do reencontro.
"Oh homem, tira o cachecol! O polícia quer passar tudo por essa máquina."
E ele obediente tirou e colocou na caixa junto dos outros pertences.
"A senhora tem uma garrafa na mala, não pode seguir. Ou fica aqui ou bebe."
"Ai senhor acabei de a comprar por uma fortuna de dinheiro."
E lá empinou a garrafa engolindo de uma só vez os 33cl de água!
"Esta já vai na barriga!" - disse ela satisfeita de não ter perdido a pequena fortuna que tinha dado pela água.
Há uns 10 anos atrás, parece que os pórticos eram menos potentes ou não usavamos tantos metais na roupa! Era raro aquilo apitar e quando isso acontecia, eram lançados olhares de indignação pelos outros passageiros. Quase como quem está no shopping e ao sair de uma loja, o saco apita.
Certo dia, no Porto, fiz disparar o detector. Aflita olhei para o polícia à espera de uma reacção. Certamente seria revistada! (e na altura não havia a polícia mulher :) )
Olhou para o colega e disse:
"Deixamos passar, não achas? Se for uma bomba está tão bem armadilhada!"

The Closest Thing to Crazy, Katie Melua

 
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