quarta-feira, 3 de abril de 2013

Roubar a vida

No espaço de uma semana tive que lidar duas vezes com a morte.
Se há coisa que não consigo racionalizar é essa. Não consigo entender o roubo da vida a pessoas que ainda tinham muito para viver.
A distância impôs um acréscimo de dor. Eu não pude abraçar ninguém, confortar ou partilhar as lágrimas. Eu não pude exprimir o gelo que senti.
Tu ligaste-me a chorar e contaste que o nosso querido amigo tinha acabado de perder a sua guerra. O que eu senti foi o meu coração parar por um segundo, as minhas mãos gelarem e uma impotência para respirar normalmente. Uma agonia grande que só ficava melhor chorando.
Não podia ser verdade. Não podia. Não é justo. Porquê?
É difícil aceitar os desígnios de Deus nessas alturas. Porque acontece com as melhores pessoas? Com as mais doces? Que têm um coração enorme?
Porquê?
Eu não consegui dormir nessa noite e só pensava no último abraço que te dei. Na esperança que tentamos compartilhar. "Em Agosto estarás melhor!"
Vi-te toda a noite. O teu sorriso. A tua simpatia.
Eu sei que talvez ninguém possa compreender ter mexido tanto comigo, mas mexeu.
Nutria um carinho enorme por ti.
Pensei, se eu estou assim, a dor da tua mulher, dos teus filhos, dos teus amigos deve ser horrorosa, insuportável.
E supliquei a Deus saúde para os meus.
Até hoje, sempre que me lembro, penso ser mentira. Ainda não acredito, não quero acreditar.
Vais ficar para sempre.

E tu mamã?
Como foste tão forte? Estiveste todos dias ao lado dele, a fazer companhia, a dar apoio.
Foste a melhor amiga que alguém pode desejar.
Eu orgulho-me cada vez mais de ti. Admiro-te.

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