domingo, 23 de junho de 2013

Movimento Passe Livre
Pelos olhos de uma imigrante Portuguesa

Movimento Passe Livre organiza protestos em São Paulo devido á prefeitura ter aumentado o bilhete do ónibus de R$3 para R$3.20.
Ao contrario do que muitos pensam, esse movimento social já existia. Nascido em 2005, no Sul do país, defende a tarifa zero nos transportes colectivos.
Foram vários dias a fio de gente na rua, ou melhor, nas principais avenidas da cidade. Outras capitais copiaram São Paulo e quando se deram conta, o país todo erguia cartazes e entoava cânticos.
Das manifestações pacificas rapidamente se passaram a ânimos exaltados. Já os 20 centavos eram uma ninharia comparados com os números gastos nos estádios da copa. Abaixo a corrupção passou a ser o mote. Um Brasil melhor, gritavam.
Ónibus e carros queimados. Lojas saqueadas e gente fugindo com LCD debaixo do braço.
Bombas artesanais contra bombas de efeito moral e de gás lacrimogéneo.
Nos piores dias, balas de borracha e tiros para o ar.
No olhar de uma portuguesa, só é estranho não ter acontecido mais cedo. A diferença social envergonha-me, como parte desta sociedade.
Eu, e tantos outros burgueses - como chamam os manifestantes, temos direito a frequentar hospitais como o Albert Einstein ou o Sírio Libanês. A classe desfavorecida morre nos corredores dos hospitais.
Tentarei passar a imagem (acho que já escrita em outro post). Albert Einstein em pleno Morumbi assemelha-se a um hotel 6 estrelas. No pátio de granito, um busto do cientista em ouro, um piano de cauda e um pianista de terno preto luzidio. Já os hospitais públicos são locais sem infra estrutura onde é comum sair mais doente do que se entrou. Também são comuns os casos de pessoas que sucumbem nos corredores por falta de assistência adequada.
Outra coisa que é clara é o incentivo político á manifestação. No intervalo das novelas, partidos amedrontam as pessoas. Dizem que voltaram a passar fome e que o aumento da inflação é insustentável.
Na rua as bandeiras de partidos foram combatidas e substituídas pela bandeira nacional.
As pessoas nas ruas são esclarecidas, têm formação superior e organizam-se nas redes sociais.
Passaram-se dias e dias e o bloqueio das ruas virou normal.
Do primeiro comentário da Dilma, que se dizia orgulhosa da juventude brasileira, passamos a uma declaração oficial em horário nobre, apelando ao fim da violência e prometendo investimento na educação de 100% dos lucros do petróleo.
Não parou mas apaziguou. Ontem já houve confrontos graves em Salvador e Belo Horizonte.
Resta-nos ver como será esta semana.

1 comentários:

Anónimo disse...

E eu só gostava que fossemos um bocadinho assim, violência à parte!
Stay safe ;)

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