terça-feira, 18 de setembro de 2012

o país que encontrei

Passados 5 meses encontrei o meu país triste e deprimido.
Ouvia dizer, espreitava as headlines, a família contava mas sempre pensei haver algum exagero, um grau superlativo empregue nas descrições e até um certo contágio de uma epidemia chamada desânimo.
Mas infelizmente não havia exagero, os portugueses estão mesmo desorientados. Desorientados - acho que é a palavra certa. Sem saber o que ainda está por vir, vivem receosos. Organizam-se e reorganizam-se para que os seus orçamentos familiares estiquem até ao final do mês. Quem tem emprego, respira menos ansiosamente. Mas o número de desempregados cresce assustadoramente intranquilizando os que ainda têm.
Os desorientados mais aventureiros partem ou estudam a melhor forma de o fazer. Colegas de empresa foram para a Irlanda, mas muitos me perguntam como vir para aqui, para o Brasil.
Fomos mesmo sujeitos a duras entrevistas de pessoas próximas que consideram agarrar uma oportunidade neste país. Ajudei e elucidei o melhor que pude.
Estavamos em casa quando entrou o meu mano com ar pálido e discurso agitado. Menos 7% é a novidade! Vamos receber menos 7% por mês porque passamos a pagar mais 7% para a Segurança Social!
Mas 7% é o equivalente ao que muitas famílias gastam no supermercado... Mas 7% também trará as famílias que se iam sustentando com dificuldade para o patamar de pobreza.
Vou ao refeitório da empresa e os tupperwares já são uma opção comum e sem vergonha. Os 4,5 euros por sopa, prato, buffet de saladas, bebida e sobremesa já são pesados no bolso de alguns colegas.
O transporte também é agora para muitos, verde. As bicicletas aumentaram de número e os carros ficam nas garagens. Agora acredito que chegaremos aos 2 euros/litro da gasolina... já não falta muito.
A comunicação social, os bloggues, as redes socias - um tema comum.
Fala-se da caça ao Coelho, da crise na coligação PSD/CDS.
O Portas acusa o primeiro de insensatez.
Confesso que me sinto sortuda por estar fora. Confesso que senti vontade de regressar e ficar por uns tempos.
Não me cabem outros discursos que não este, de preocupação com os meus, de tristeza por ver o que está a acontecer.
Nunca vivi em Portugal, pelo menos que me lembre, algo semelhante.
No dia 12 de setembro milhares vieram para a rua, espumar a sua revolta, mostrar que assim não é possível.
Agitação social? Isto nunca aconteceu por terras lusas.
Mas afinal onde vamos parar?
Qual será o fim disto?
Uma coisa tenho a certeza, esta crise ficará na história da europa mas desejo muito que tenha um final feliz.

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