terça-feira, 30 de março de 2010

Regresso à Universidade


Hoje, vivi uma experiência que não poderia deixar de narrar.

Por um lado, para poder recordar sempre, por outro, para poder alimentar a minha auto-estima. Quem sabe, também, não possa ajudar alguém que esteja a passar pelas mesmas dúvidas.

No âmbito do meu trabalho, fui convidada a ir à Universidade assistir à apresentação de um projecto e quem sabe, estabelecer contactos para uma parceria. De repente, vi-me a entrar no mesmo edifício onde uns anos antes era finalista a fazer o projecto final de curso.

Incrivelmente e ao contrário do que era espectável, não me senti ansiosa. Talvez não tivesse tido tempo para isso ou simplesmente, gostei de lá estar.

A primeira pessoa que vi e reconheci, foi a recepcionista da Securitas. No meu tempo de estudante, ela era novita, apontava para uns 19 anos, muito gira e simpática. Hoje encontrei a versão large dela e um sorriso menos satisfeito do que aquele que tinha na altura. No entanto, continua a ser muito bonita.

Pensamento imediato: "bolas, isto de crescer para os lados, acontece a toda a gente à medida que vai envelhecendo".

Por estúpido que pareça, embora um pensamento natural na minha cabeça de "candidata a magra", uma das coisas que me incomoda é encontrar alguém que já não vejo há algum tempo e imaginar que esse alguém esteja a pensar "ela era ... mas agora está tão gordinha".

A minha auto-estima melhorou aí uns 30%.

Depois entrei no anfiteatro onde fui apresentada como convidada.

Eu? Euzinha da Silva?

Afinal aquela que nunca se julgou capaz de tirar o curso estava ali a assistir uma apresentação de um projecto inovação e com direito a opinar e tudo.

Incrível, pensei... já estive no lugar daqueles alunos e nunca imaginei poder estar na plateia.

Acumulei mais 30%.

A exposição de power points continuou e fui me sentindo cada vez mais em casa.

Por um momento, revi o pânico que sentia em cada exame, o número infinito de vezes que acreditei ter que desistir da licenciatura por não a conseguir terminar, os apertos de estomago do projecto de final de curso, o medo de seguir a profissão de analísta/programadora, o receio de ser despedida quando resolvi tentar, ...

Olhei para mim e vi-me ali!

Up to 100% :)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Mau humor, péssimo


O que nos pode deixar de mau, de péssimo humor numa 2ªfeira de manhã?

É simples... ir à balança após um fds super agradável onde fizemos as vontades gastronómicas dos outros e encontrar o número habitual inflacionado!!!

Que tortura!!! Apetecia-me ter voltado para a cama e esconder-me lá até ficar mais pequena, para que assim ninguém desse conta e eu não me sentisse enorme ao vestir-me.

Tudo porquê?

Porque resolvemos aceder ao pedido da mãe para experimentar aqueles hamburgueres famosos e logo no dia seguinte ter ido jantar à casa da melhor amiga.

É facto, eu não posso sair da linha nem 1 dia.

E agora? Quanto tempo irei precisar para voltar ao sítio?

Já para não falar que estamos na Páscoa e ainda nem uma amêndoa comi :( e eu adoro amêndoasssssss.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Reembolso do IRS, subsídio de férias e coisas do género


Por estes dias, todos (?) contribuintes portugueses têm de fazer o IRS.
Aposto que, um grande número destas pessoas não saberá que, IRS é o acrónimo para Rendimento das Pessoas Singulares. Mas, o que todos sabemos é que este ritual anual implica andar a organizar e somar a colecção de recibos/facturas que coleccionamos durante todo o ano anterior.
Sim! É um momento engraçado, o único do ano em que poderei ter alguma semelhança com uma contabilista de óculos e semblante carregado. Ainda assim, qualquer semelhança é pura coincidência...
Mas, fazer o IRS causa-me sentimentos diversos. Por um lado, olho para a folha de rendimentos da empresa e penso: "para onde foi este dinheiro todo??", por outro, fico ansiosamente a olhar para o resultado do simulador a ver se dá verde ou vermelho. Por verde, leia-se reembolso e isso sim, deixa-me bastante animada.
Ponho-me logo a fazer planos para aquele dinheirinho e estes muito raramente passam por conservá-lo.
Mas, acho que, este é o comportamento normal da maioria dos contribuintes portugueses, pelo menos, os da classe média-baixa. E isso trás-me algumas recordações.
Em minha casa sempre vi esperar-se por esta altura do ano ou pelos subsídio de férias/Natal para se poder concretizar uma compra mais avultada.
Na altura do Natal comentava com um colega o facto de estar à espera do subsídio para poder comprar as minhas prendas. Ele disse algo do género: "se eu precisasse do subsídio para comprar prendas, então não as comprava". No entender dele, uma pessoa nestas circunstâncias não tem uma situação financeira que a permita se dar ao luxo de comprar prendas.
Mas esta não é a realidade, por isso vamos lá esperar pela luz verde na conta :)

sábado, 13 de março de 2010

Figuinhos passados e nozes



Um destes dias fui a uma sessão de esclarecimento sobre um método de emagrecimento baseado em acupunctura. Isso mesmo, aquilo de enfiar agulhas no corpo.
Fiquei convencida com a tese exposta mas também ficou claro que, tal como em qualquer método, emagrecer tem como pré-requisito uma força de vontade enorme, alimentação em condições e mecher os pézinhos.
Como aquilo era grátis, eramos aviadas aos pares e tive uma companheira de sessão fantástica. Ela encarnava sem pôr nem tirar o estereotipo da mulher-gordinha-porque-está-sempre-a-dar-ao-dente.
Após a explicação do método, o doutor perguntou se tinhamos questões. Segundos depois ter-se-à arrependido quando a mulher sacou do seu rol de perguntas, disse ela ter elaborado na noite anterior com medo da sua fraca memória.
"Ora bem Doutor... tinha pensado começar por lhe explicar os meus hábitos alimentares. Logo de manhã... ao almoço... e as batatinhas... portanto, como vê, como bastante bem."
"Tudo bem, mas isso terá de ser avaliado tudo em consulta, se quiser avançar com o método e comprar o nosso pacote", responde o médico deserto para avançar para a próxima sessão da agenda.
"Mas eu agora também tenho outro problema. É que estou enorme da cintura p'ra cima. Sabe, é tudo culpa do aparelho que uso para a apneia do sono.", avançava ela nas suas justificações.
Uma vez alguém me disse, "socialmente parece melhor dizer-se que se está gordo devido a uma doença do que por se gostar de comer". É verdade! E a senhora em causa, assim o comprovava.
"Ah e ao jantar só como uma sopa e uma peça de fruta. Já se sabe, é que, é quase sempre de feijão que, eu adoro. Mas a culpa é da minha empregada que me faz sempre um panelão. Mas também acho que não deve fazer muito mal. Que acha Sr. Doutor?"
"Feijão não convém, minha Senhora."
"Então mas as leguminosas também são precisas! E, até porque, é só uma tacinha de feijão e aquilo leva tanta água, fica tão diluido."
O médico, já extenuado e a precisar de uma sessãozita de agulhas relaxantes, pergunta-lhe: "Oh minha senhora, então se é assim, como é que engorda?!?"
"Sabe Doutor, o meu mal é à noite. Enquanto estou a ver um bocadito de televisão para descansar, tenho de roer sempre qualquer coisa. E sabe, em minha casa tenho figos passados e noze,s todo o ano. Então lá vou comendo uns figuitos e umas nozes..."

Transportes públicos - cap. II


Sobre quando alguém novo invade o território...

Já falei da comunidade da linha 5 mas ainda não vos disse o quanto são unidos. Alguns nem se falam ou apenas se conhecem de vista mas sabem tratar-se de um dos deles, um dos ocupantes da carreira da linha 5. É habitual ouvir coisas do tipo "aquela que costuma a vir às nove menos dez", para se referirem a um dos membros.
Quando tentei penetrar na comunidade, sofri várias discriminações dignas de registo. Olhavam-me de alto a baixo, de baixo ao alto, examinando cada pormenor de mim. Creio que, não terá escapado cm2.
Mas eu lá continuei dia após dia, no horário do costume.
A comunidade ficou intrigada. "Afinal não foi esporádico?", "O quê, ela vai outra vez com o nosso motorista?", "Aquilo ontem não se tratou de um engano?"
Então havia que perceber melhor quem seria esta intrusa...
Começam as perseguições. Membros da comunidade tentam perceber o meu caminho, de onde venho, para que lados é.
A intrusa não se assusta e persiste. Continua a ocupar um lugar na carreira e agora vem armada, já trás o horário. Medo na comunidade.
Então nomeiam alguém para a primeira abordagem: "é daqui?", "mas é estrangeira não é?", "como veio aqui parar?".
E pronto, já não tinham como se livrar da intrusa, não seria uma presença passageira, ela tinha vindo para ficar. Tem mesmo uma casa aqui e não é arrendada.
Se temos de levar com ela, um bocadinho de amizade não fará mal, pensaram alguns membros.
Então começam a haver conversas circunstânciais.
Um membro mais afoito, só podia ser do sexo feminino, não resiste ao meu charme e todos os dias lança um comentário simpático sobre as minhas fatiotas.
"Esta gasta tudo nos trapitos e depois tem de andar de autocarro como nós", certamente terá pensado. Afinal gaja que é gaja, lança sempre um comentário malicioso. "Mas o resultado é bom". "E onde comprará estas coisas?"
E esse último foi o pensamento que esta presada e pesada moça da comunidade não poderia ter tido pois logo de seguida, cusca como é, lhe permitiu perguntar-me: "onde compraste esse saco tão jeitoso?"
O que se diz numa situação dessas quando de está a falar de um saco que custa nada mais nada menos que metade do vencimento da curiosa?
E lá continuava ela, "dava para levar a bata e os chinelos para o trabalho", enquanto pensava eu o que havia de responder...

Transportes públicos - cap. I

E por falar em mulheres que usam o autocarro como a maioria usa o carro...

Um grupo de amigas costumava ir todas as manhãs juntas para o trabalho. Cada uma entrava na sua paragem e lá se iam agrupando em 4 bancos, 2 de costas para o motorista e outros 2 voltados para a frente. Cada uma já tinha o seu lugar marcado, uma enjoava se fosse de costas para o condutor, outra seria a primeira a sair e outra era a última a entrar. A 4ª ficava com o lugar que restava.
Nenhuma delas tinha um percurso de vida fácil e isso era algo que não precisavam partilhar, estava tatuado nas suas expressões.
Uma dessas raparigas, mãe de dois filhos e com um irmão de péssimo aspecto. Várias vezes se ouvia sobre tentar pôr-lhe algum juízo.
Para outra, aquela era a 2ªcarreira do dia. Apanhava uma antes para levar o filho ao infantário e depois ali esperava pela próxima, para ir trabalhar. Essa vinha sempre já meio desgastada, já meio transpirada e desfraldada. Não era para menos, ela já tinha feito a primeira maratona do dia.
A 3ª estava grávida e era mãe solteira. Com todo o peso que isso pode ter, ela era uma grávida linda, serena e transmitia uma força incrível. Muitas vezes recusava o lugar que alguém lhe queria dar, outras oferecia o seu lugar a alguém mais débil. Sobre andar de costas voltadas para o motorista, esse lugar que ninguém gostava, ela dizia que nem a gravidez lhe tinha feito enjoar quanto mais isso. Todos os dias fazia questão de lhe dar bom dia, fazia questão de olhar para a sua barriga que crescia a um ritmo alucinante e de lhe segredar em silêncio: "admiro-te".
A última, tal como o lugar que apanhava, parecia estar ali por acaso, era alguém com pouco interesse.
4 mulheres, 3 vidas interessantes, 3 exemplos de força para mim.

O mais impressionante: ali não se ouviam lamúrias, nem queixumes.
E eu com tanto mais que elas, com uma vida tão mais fácil porque tanto me queixava/queixo?!?

Durante 3 meses deixei de apanhar o autocarro, nesse tempo nasceu a Erika, nesse tempo a dos enjoos ficou desempregada.

Espero que tudo lhes corra bem...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Transportes públicos - intro


Andar de transportes públicos permite-nos experiências maravilhosas e algumas aventuras.
Quem anda um dia por outro não consegue entrar nesse espírito de partilha ao invés de quem apanha a mesma carreira dia após dia. Aí sim, vemos todos dias as mesmas caras e começamos a fazer parte da vida uns dos outros. E isso acontece por fases: há a fase do bom dia, em que apenas as pessoas tentam ser educadas; há a fase do tempo, em que começa a haver uma certa empatia por alguém; e seguem-se as perguntas mais pessoais em que se pretende saber quem é aquela pessoa.
Interessantes também são as pequenas conversas cruzadas que se apanham entre paragens. Essas sim, abrem grandes janelas em que a imaginação tem muito por onde se expandir.
Apanhamos desde dores ciáticas, críticas gastronómicas e os muito frequentes, cortes na casaca.
Claro que, tudo depende da hora da carreira o que condiciona a faixa etária dos ocupantes.

Mas toda essa estória para partilhar o que se aprende nos autocarros.
Quando tive que deixar o luxo de andar de ligeiro e passar a pesados, sentia-me a pior do mundo. Que mau que isso era, como poderia sobreviver a tal coisa, e a indumentária? certamente que teria de ser alterada, saltos seriam complicados para andar até à paragem e desafiar os degraus!
Todas essas afirmações ou pensamentos tornam-se ridículos quando percebo que existem mulheres a fazerem toda a sua vida de autocarro.

terça-feira, 9 de março de 2010

Janelas do Imaginário

Adoro observar as pessoas e imaginar as suas histórias.
Enquadrá-las num cenário recambolesco q.b. que me divirta e sirva de alento para perceber o quanto a minha própria vida é fantástica.
Comecei a sentir necessidade de registar estas janelas em que dou largas ao meu imaginário e criatividade.
Aqui ficam essas estórias.
 
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