segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vou só ali e já (não) volto

Na manicure desta semana comecei a folhear uma revista (para passar mais tempo lá já que não tenho o que fazer) e eis que encontrei um artigo com o titulo deste post.

Mudar de vida é o mote. Largar tudo e partir, muitas vezes sem certezas sobre o futuro.

Nesse subtitulo revi-me e foi então que devorei o artigo de alguém que se mudou para Londres.
Procurava respostas para os meus anseios, queria saber se o que sinto é natural e foi assim que li frases que podiam ter sido escritas por mim:

Largar tudo, as pessoas, os lugares e os objetos que reconhecemos como parte de nós, é uma ideia que pode ser verdadeiramente assustadora. Ainda mais se pensarmos que uma decisão destas acarreta sempre a possibilidade de voltarmos ao país de origem sem qualquer conquista feita. Com o rabo entre as pernas, como se costuma dizer.
...
Comecei desde logo a fazer a mala. Afinal de contas, condensar a nossa vida toda em 20 kg é um desafio a fazer lembrar aqueles concursos de fim de domingo das décadas de 80/90. O vencedor é aquele que conseguir atingir a meta proposta depois de dar, vender, deitar fora, oferecer ou guardar num sotão por aí perdido tudo o que não se pode e/ou não se consegue levar.
Não tão estranhamente assim, esse foi um processo um tanto ou quanto difícil. Não pelas
óbvias dificuldades logísticas, mas por ter de ser novamente lembrada daquela que tinha sido até ali a minha vivência, toda ela representada numa série de objetos, e que estava decidida a abandonar.
...
Mesmo assim, se ganho um sorriso nos lábios quando encontro uma mercearia e um café portugueses perto do Mercado de Portobello, este não surge por simples saudosismo (uma palavra tão portuguesa), mas sim porque, ao passar a porta, reencontro a familiaridade de todos os dias: o azeite, o bacalhau, o chouriço ou tão simplesmente a língua...
Não é tanto sentir a falta dessas coisas, mas sim o reconhecer que me trazem a segurança de territórios que já conheço, e domino, e que perco novamente assim que volto a pôr os pés na rua.
Se nos, dias em que as coisas correm mal, sinto a tentação de questionar a validade da minha decisão, não posso ignorar que mesmo que possa vir a arrepender-me, iria arrepender-me mais se não tivesse tentado.
Vanessa Nunes na Lux Woman
janeiro 2012

3 comentários:

Vera disse...

Eu acho que só há uma frase a destacar:
"Se nos, dias em que as coisas correm mal, sinto a tentação de questionar a validade da minha decisão, não posso ignorar que mesmo que possa vir a arrepender-me, iria arrepender-me mais se não tivesse tentado. "

C. disse...

Sim :)
e uma das coisas que mais detesto são os "Ses".
E se eu tivesse feito aquilo? E se eu tivesse dito aquilo? e se...
Portanto, esse se não vai ficar por resolver!

Joãozinho disse...

O Brasil vai acolher-te de braços abertos e eu com muito amor. A vida é mudança e a "estabilidade" uma miragem.

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